quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Raça, um conceito vazio

Raça, um conceito vazio:   teatro do absurdo ?

Não sei se vocês sabem , mas a ideia de raça foi um conceito que ganhamos da ciência moderna na época do iluminismo, que literalmente  significa “iluminar”. Naquela  época  o objetivo era classificar  os seres humanos, quase assim : se podemos classificar os bichos e as plantas porque não os seres humanos ? Dai tiveram a ideia  imbecil de dividir segundo as cores e feicoes  os seres da mesma espécie.  Que fique claro aqui, que as cores e feicoes foi uma escolha ARBITRARIA ! poderiam naquela época ter escolhido classificar os humanos por baixos e altos, ou pelas pernas finas ou grossas. Enfim, qualquer coisa !  De qualquer modo a ideia é tão absurda e non sense que defendo aqui a  seguinte tese, ela só funcionou porque é  vazia, e algo vazio pode-se colocar qualquer coisa dentro, desde que esteja de acordo com os interesses de quem coloca! Vamos ver se fica claro aqui:  O que é que dá, pois, a aos negros a aparência de unidade? Para responder a pergunta, cumpre voltar à idéia de situação. Não é o passado, nem a cultura (que neste caso são diversas entre os negros)  nem  alguma nação especifica  de onde eles vem, mas estes  se dispõem de uma situação comum,  sofrem racismo, é porque possuem em comum uma situação de racismo, isto é, porque vivem em sociedades  que  os considera negros.  Se pensarmos nas cores humanas podemos ir do preto ao branco em diversas variáveis,  da mesma forma se pensarmos  em altura dos humanos podemos ir de centímetros a metros. Então onde foi que inventaram uma divisão entre o branco e o negro, se na verdade existe uma escala infinita de cores entre estes?  Deixa ver se o paralelo faz mais sentido, é como se fizessem assim : de 0 centímetros até 1,60 é uma raça, de 1,60 cm ate 2 metros outra.  Faz sentido ?
Enfim, o que esta em jogo aqui é entender que pelo fato de ser vazio há como se colocar qualquer coisa, e por isto funciona,  o racismo então não é inerente à condição de ser negro, mas sim uma projeção sobre o  negro, já que os negros são  acusados de coisas absolutamente contraditórias: ora os negros são acusados de preguiçosos, ora de trabalhadores fortes, ora de bons músicos ora de incapazes. Os negros são demasiadamente diferentes entre si, e por estarem em toda parte e se apresentarem de diferentes formas:  de todas as cores –isso mesmo, todas as cores desde o preto, marrom , cinza, branco( para entender isto lembre de comparar com a altura, pois em nosso imaginário raça e cor são conceitos colados , assim como sexo e genero), pobres, ricos, intelectuais, comerciantes, religiosos, ateus, estes servem como receptáculo de todas as diferentes  projeções, já que qualquer predicado atribuído aos negros encontra lugar dentro deste coletivo e corresponde ao interesse discriminatório em diferentes momentos. No entanto, esta projeção ao negro constrói estereótipos e imagens  que colam em nosso imaginário.
Quero dar outro exemplo para mostrar a arbitrariedade da ideia de raça. Eu sou considerada branca no Brasil, sempre fui.  Quando vim aos Estados Unidos mudei de raça e virei algo que eles chamam de “others non white”,  o que quero dizer aqui é que a ideia de raça corresponde aos interesses discriminatorios do lugar em que estamos inseridos. O racismo particular do brasileiro seria a ideologia do branqueamento marcado por uma sociedade hierárquica de desigualdades sociais e racistas no que diz respeito aos negros e aos índios. Sendo assim, o descendente de europeu brasileiro também faz parte da sociedade branca, e, portanto, contribui com o ideal de “branqueamento” da sociedade brasileira. Assim não há interesse discriminatorio que possa me classificar como nao branca ( branco aqui não esta relacionado a cor , mas uma situação de poder e status). Nos Estados Unidos os sul-americanos constituem um problema imigratório logo ha interesses em que eu, uma brasileira, seja considerada - non white-. Assim voltamos ao exemplo da altura. Minha cor é a mesma no Brasil e aqui, assim como minha medida é a mesma :1,65 mas as classificacoes raciais por serem feitas em cima de uma ideia vazia podem mudar conforme o interesse, ou seja e como se 1,65 no Brasil significasse a raça Branca, e nos Estados Unidos 1,65 significasse a raça negra. Da para entender assim que a cor da pessoa nao tem nada a ver com a ideia de raça, mas sim o que esta em jogo são os interesses discriminatorios ?  Desta forma a raça se configura como um conceito vazio e arbitrário que infelizmente faz eco na realidade e produz desigualdades  materiais e simbólicas para os seres humanos que são  classificados como não brancos em diferentes lugares do globo.

2 comentários:

Ana Helena disse...

certíssima amiga!!
quem foi o flamigerado que teve a idéia de achar que a "raça" era um bom medidor?? de tão vazio acaba por se eternamente preenchido.
E acada época que se passa de forma diferente
O interesse discrminatório é realmente a grande bala das armas de manutenção de poder!

Anônimo disse...

Poxa, que incrivel,
entao aqui no Brasil voce eh "alta".
E aih nos Esteites voce eh "baixa".
(e nao lhes interessa te trazer para o 'time dos altos' - por causa dos interesses, que vc tao bem explicitou).
Esse teu artigo eh incrivel! Vou divulgar.
Eh a didatica da teoria. =)
Oh! Grande Energia, dai-nos forca suficiente para continuarmos nesse enxuga-gelo que eh a conscientizacao.
Mil beijos com saudade e goiabada
com acucar e com afeto
Ale