Resposta de Luis Vinicius Belizário para o texto de André Forastieri
JÁ VI
ESSE FILME (Não Mané, você não viu)
Eu era criança quando passou na TV a
minissérie Raízes. O mundo parou para assistir a saga de Kunta Kinte, capturado
na África, escravo nos EUA. Depois vi outros com tema similar, Amistad,
Queimada etc., e chega. Eu abriria exceção para ver um filme inteligente sobre
a escravidão no Brasil. Mas nunca fizemos e duvido que façamos.
Eu também era criança quando
assisti a mesma minissérie Raízes (que por sinal se baseou no livro Negras
Raízes - aposto que você não leu - e
conta a saga da família do autor Alex Haley). A famosa minissérie não tem nada
em comum com “12 Anos de escravidão” a não ser que é uma história que também
aponta para os horrores da escravidão moderna. Amistad, Queimada também não são
a mesma coisa (aposto que não assistiu mais nada relacionado á questão negra,
pois é preconceituoso demais para tantas informações reveladoras).
Sinceramente não entendi
onde foi que você “Já viu” este filme. Diz isso por conta dos protagonistas
serem negros? Por lidar de alguma forma com a escravidão? Se formos levar á
“ferro e fogo” então deixaremos de assistir filmes sobre o holocausto (“só tem
judeu”), sobre o extremo oriente (“só tem japa’s”), sobre a Europa (“só tem
brancos”), jornalismo televisivo brasileiro (“só tem brancos”), novelas da rede
globo (“só tem brancos”), cinema brasileiro (“só têm brancos”). Tenho certeza
que você não diz “Já vi este filme”
para estas produções.
Talvez você esteja querendo
influenciar outros como você a desqualificar o filme ou então querendo
impressionar os desavisados seguidores do seu blog. A premissa básica para um
bom crítico é conhecer antes de tecer qualquer comentário mais contundente, mas
o que você fez aqui foi á antítese do “Beabá” do profissionalismo e da academia
também. Como bom jornalista você deveria saber ao menos disto! Ops perdoe-me
por ser tão duro talvez você não seja tão bom jornalista assim. Neste caso,
pode continuar criticando sem conhecer.
É FILME DE JUDIAÇÃO (Judiação são seus argumentos)
Parei de ver filme com tortura quando
meu filho nasceu. Não suporto ver gente sendo espancada, maltratada, picada em
pedacinhos. Não assisti nenhum desses Jogos Mortais, e fechei os olhos nas
cenas mais horríveis de Django Livre. Virei um coroa banana. Li sobre as
"cenas fortes" de 12 Anos de Escravidão, e não são para o meu
estômago.
Nas cenas mais horríveis de
Django Livre? Django todo é “horrível”! Seja pela proposta simplória e
estereotipada ao tratar sobre a escravidão e os afro-americanos ou pelo seu modelo
de sucesso de “filme exagero”. Agora comparar estes dois filmes é mais absurdo
ainda. Duas coisas totalmente diferentes tanto na abordagem dos diretores como
na proposta da filmagem. Incluir jogos mortais neste pacote então é de uma
imbecilidade impar e sei que você não é um André. Eu acho...
Preocupante a sua
argumentação e justificativa André Forastieri.
É FILME DE CHORADEIRA (De chorar é a sua
superficialidade)
Não vejo filmes lacrimosos, sejam com
escravos ou não. A Cor Púrpura é o único filme de Steven Spielberg que nunca vi
nem verei.
Já viu
todos os outros do Spielberg então? O que dizer da lista de Schindler? Ahhh que
coisa mais feia André! Bom senso e coerência não fazem parte dos seus
argumentos pelo visto. “A cor púrpura” do Spielberg é baseada na obra da
premiada romancista Alice Walker que o lançou em 1982 e no ano seguinte foi
agraciada com o Prêmio Pulitzer. E tem mais, apesar dos protagonistas serem
negros a questão racial é secundária se você considerar todo o roteiro. Além da
discriminação racial (algo que você não lida bem) é abordada com muita ênfase a
questão do machismo patriarcal, as relações afetivas, o amor, a amizade,
carências, desamor á desigualdade em todos os sentidos para as mulheres só para
citar algumas coisas. Mas aposto que você não leu este livro também não é? Mais
uma vez criticando sem conhecer. Mas tudo bem, você não é um bom jornalista
então pode!
Oh meu Deus! Perdoe-me mais
uma vez, esqueci que você desistiu da faculdade de jornalismo né? Não teria
como aprender sobre estas regras básicas na universidade então. E pelo visto a
vida profissional não foi capaz de te ensinar também né? Ou você não foi capaz
de aprender?
Desculpe, pode continuar com
a sua incoerência então!
A FOTOGRAFIA É
LINDA (Se fosse
possível uma foto da sua alienação)
Vi no trailer aquela luz dourada,
aquele enquadramento épico. Não tem recurso cinematográfico mais repulsivo que
fotografar lindamente o horrível.
Repulsivo? Evidenciar o
horrível, alertar para a miséria da alma humana, denunciar as atrocidades dos
sistemas sociais, execrar a sombria egoísta ganância da humanidade é repulsivo?
Será que alguém de respeito e influente disse o mesmo quando Picasso pintou a
Guernica? E “Os Retirantes” de Portinari também se enquadra na esfera da
repulsa? E a foto ganhadora do Pulitzer em 1994 de Kevin Carter que mostrava
uma criança e um abutre denunciando a fome no Sudão?
Isso até pode ser repulsivo
André, mas o que nos provoca ojeriza não é a obra pintada, desenhada ou
fotografada em si, mas sim aquilo que a provocou, a ganância e o egoísmo
humano. Não devemos evitar estas imagens, pois elas nos fazem refletir, nos
tira de nossa redoma egocêntrica, nos faz pensar em como existem tantas coisas
para fazer neste mundo. Se uma pessoa não é capaz de enxergar isso, a sua
existência torna-se insignificante e esta pessoa sim se torna repulsiva.
O DIRETOR É
PSEUDO (André
Forastieri é pseudojornalista. Quase um skinhead)
Steve McQueen é inglês, negro, mora em
Amsterdam. É metido a artista, fotografa, faz esculturas, dirigiu filmes
experimentais. Cita como grandes referências Andy Warhol e a Nouvelle
Vague. É casado com uma crítica de arte. Vi Shame, filme anterior dele, sobre
um viciado em sexo. É lentíssimo, a maneira mais preguiçosa de denotar
realismo. Fora que tem o nome errado. O Steve McQueen que eu cresci curtindo
era americano, branco, tarado por carangas e casado com Ali McGraw.
André Forastieri é
Piracicabano, branco, filhinho de papai sempre com dinheiro para comprar HQ’s e
que desistiu da faculdade de jornalismo e de história na USP. Empresário metido
á jornalista, blogueiro e crítico do que ele bem decidir. Com grande soberba
faz analogias e comparações desconexas em seu discurso e quando a questão é o
outro (no sentido empregado por Todorov em “Nós e os outros”) o seu preconceito
é tão grande que ele não consegue disfarçar, mesmo quando tenta se passar por
um indivíduo defensor dos humanos de modo geral.
Não escreve bem, não é
coerente e se acha um jornalista importante. Os jornalistas que eu conheço
podem até não ser imparciais já que isso não existe, mas ao menos eles pensam
antes de falar e mesmo quando possuímos pontos divergentes tenho que concordar
que ao menos eles são coerentes em suas argumentações.
Antes de partir para o
próximo item eu gostaria de apenas deixar um pequeno exemplo do que estou
dizendo. Olha a frase do nosso grande André Forastieri: “O Steve McQueen que eu cresci curtindo era americano, branco, tarado
por carangas e casado com Ali McGraw”.
Minha pergunta: O que faz do
saudoso Steve McQueen melhor que o diretor de 12 Anos de Escravidão?
Vamos á algumas comparações fornecidas
por Forastieri então:
Primeira Comparação:
Black McQueen – Inglês e
mora em Amsterdam.
White McQueen –
Estadunidense.
Segunda Comparação:
Black McQueen – Escultor (A falta de talento artístico do André Forastieri
diz o contrário).
White McQueen – Tarado por
carros.
Terceira Comparação:
Black McQueen – Casado com
uma crítica de arte
White McQueen – Casado com
Ali McGraw (O que o bobão do André Forastieri não citou é que o “White McQueen”
foi o pivô da separação dela e depois de cinco anos se divorciou e “destruiu” a
carreira artística da atriz já que
ela nunca mais conseguiu bons papéis como antes de se casar com ele).
Quarta Comparação:
Black McQueen – Fotógrafo (O
recalque do André Forastieri diz que não).
White McQueen – Era branco
(Para André Forastieri isso é o mais relevante).
Quinta Comparação:
Black McQueen – Metido á
artista (segundo a inveja racista de André Forastieri)
White McQueen – Era branco (Heil Hitler)
Sexta Comparação:
Black McQueen – Foi
influenciado por Andy Warhol e a Nouvelle Vague
White McQueen – Era branco
(“Existe algo melhor que isso?” É a voz da consciência de André Forastieri
falando)
Entenderam onde está a
vantagem do McQueen estadunidense, BRANCO e “cônjuge exemplar” de Ali McGraw?
Ai André Forastieri... Como
você é amador!
É FILME PARA
GANHAR OSCAR (Pseudocrítico
de cinema)
Quem vota nos prêmios do Oscar? Já
expliquei em detalhes uma vez, leia aqui. Mas o prêmio de
melhor filme geralmente vai para histórias de superação, dramáticas, tocantes,
e se tiver minorias envolvidas, as chances aumentam.
O cara escreve uma matéria
explicando como funciona a confusa premiação do Oscar e termina o seu texto
dizendo que no final das contas, nós meros espectadores apenas podemos apostar,
pois a incoerência da academia é explícita correto? Para quem não leu a matéria,
o autor deixa o link logo acima na fala dele.
Depois disto ele vem nos
dizer que os filmes vencedores são os que possuem histórias de superação e que
sejam dramáticos, tocantes e se possuírem minorias melhor? Não entendi.
A “porcaria” da Academia não
é imprevisível e os votos dos participantes não são confusos e ilógicos?
Pelo que entendi então a
Academia é previsível e não uma incógnita como você escreveu em sua matéria. O
filme realmente ganhou o Oscar e a sua previsão estava certa. Nem precisamos de
apostas!
Forastieri meu velho, você
tem alguma forma rara de dislexia crônica ou algo do tipo? Se tiver avise,
assim eu paro de te expor desta forma.
É FILME PRA GANHAR DINHEIRO
(E qual filme de Holliwood não é senhor especialista?)
McQueen sempre fez filme pra ganhar
prêmio, e ganhou muitos. Agora fez um pra ganhar prêmio e dinheiro. Brad Pitt é
o produtor, e espertamente reservou um papel para si mesmo, para turbinar a
possibilidade de faturamento. 12 Anos de Escravidão custou vinte milhões de
dólares. A bilheteria já passa dos 130 milhões. Se levar uns Oscars, pode
chegar a duzentos milhões.
Hmmmmm... Não entendi
este seu argumento! Quer dizer que um dos motivos para não assistirmos o filme
é ele ter sido feito para se ganhar dinheiro?
Você já teve coragem de
dizer para os fãs de Star Wars, Harry Potter e Senhor dos Anéis, por exemplo,
que eles não deveriam assistir ao filme, pois os mesmos foram produzidos para
se ganhar dinheiro? E se por acaso amanhã explodisse em todas as mídias a
seguinte declaração:
“As revistas EGW (Electronic Game World) e os sites GameWorld,
NintendoWorld e Herói não devem mais ser consumidos, pois são produzidos para
ganhar dinheiro”
Será que o público de mais
de três milhões de usuários/ mês iriam atender á declaração? Não creio que
somente esta informação fosse capaz de mobilizar tamanha massa populacional. E
se por milagre isso ocorresse, o que aconteceria com o seu emprego senhor
expertise?
Tenha santa paciência senhor
André Forastieri. Você chega ao extremo do patético. Já o filme de Steve
McQueen poderá chegar aos duzentos
milhões, como você também previu.
É BASEADO EM UMA
"HISTÓRIA REAL" (A lista de Schindler também foi.)
Proliferam filmes que se dizem
baseados em histórias reais. É uma tática marketeira pra fazer o espectador se
importar com o filme. Muitas vezes são só ligeiramente inspiradas na realidade.
É o caso? Não sabemos. Northrup não
escreveu 12 Anos de Escravidão, ou pelo menos não escreveu sozinho.
Aparentemente ele contou a história para David Wilson, escritor profissional,
que era branco. Northrup foi fiel aos acontecimentos? Wilson foi fiel ao relato
de Northrup? Jamais saberemos. O livro vendeu bastante quando lançado, mesma
época do sucesso de outro livro sobre a crueldade da escravidão, "A Cabana
do Pai Tomás".
Filmes baseados em
“histórias reais” de negros não são merecedores de respeito e seriedade? Estas
histórias merecem ser contestadas de forma diferente das “histórias reais” de
brancos? Ridículo este seu argumento Forastieri, ridículo!
OS SOFREDORES SÃO
LINDÕES (E os
opressores são ignóbeis como você)
Já viu filme em que as minorias
perseguidas são corcundas, banguelas, desconjuntadas? Nem eu. E nem você verá
em 12 Anos de Escravidão.
Se ninguém nunca viu qual a
obrigação deles estarem presentes em “12 Anos de Escravidão”? E onde está a
regra de que minorias perseguidas são corcundas, banguelas e desconjuntadas?
Negros e indígenas no período da colonização possuíam estas características? Se
compararmos eles aos portugueses, os segundos possuíam uma condição física e de
saúde muito pior do que a destes povos (minoritários, perseguidos e
escravizados) De onde você tirou esta afirmação Forastieri? Sem nenhum
fundamento. Acho que nem o senso comum sustenta esta sua afirmação!
Ah, desculpe! Esqueci que
você abandonou a faculdade de história também! Pior que isso não justifica esta
sua afirmação esdrúxula.
É FILME OBRIGATÓRIO (Obrigatório é o seu blog)
De vez em quando aparece um desses,
que todo mundo tem que assistir, porque "importante", edificante,
promove valores etc.
Você falou muito bem,
promove valores! Isto ocorre para aqueles que possuem como filosofia de vida
uma melhora constante em sua forma de ver e analisar as coisas. Edifica aqueles
indivíduos que buscam olhar a cada dia o mundo de forma diferente. Melhora as
pessoas que entendem que o outro de alguma forma é a sua extensão e aquilo que
é feito com os outros de alguma forma impacta sobre elas em algum momento.
Já no seu caso André,
realmente o filme não é obrigatório, pois ele e pouca coisa neste mundo (por
tudo o que li de você até agora) seriam capazes de mudar esta sua forma
reacionária de ver as coisas. Obrigatório mesmo é o seu blog, seus textos, suas
ideias sobre o mundo. A prova mais palpável de que o universo do
conservadorismo é permeado de uma ignorância infinita.
BRAD PITT (André Forastieri)
É ruim em filme de ação e pior que péssimo
em drama. Também produziu este filme, o que talvez explique o visual estilo
"Lendas da Paixão". Brad devia só fazer comédia, onde manda bem (vide
Bastardos Inglórios e Queime Depois de Ler).
André Forastieri é ruim
escrevendo, criticando e ao demonstrar conhecimento sobre o mundo. Vive em seu
mundinho permeado de valores eurocêntricos que gira em torno de seu umbigo
(branco) e dissemina discretamente ideias eugênicas e racistas.
O típico brasileiro que
brada aos quatro cantos que não é racista e que não vê diferença entre negros,
brancos, indígenas, amarelos... O clássico hipócrita que sorri e dá tapinhas em
nossas costas, mas que no momento oportuno nos cospe na face e nos apunha-la
por trás.
Forastieria deveria só
administrar sua empresa e dirigir o conteúdo da única empresa brasileira de
comunicação especializada em games, onde manda bem (vide a EGW, e mais três sites,
GameWorld, Nintendo World e Herói).
ELENCO DE GIBI (Elenco de ignóbeis reacionários)
Michael Fassbender é Magneto. Benedict Cumberbatch é
Sherlock Holmes. Eu veria um filme promovendo o
encontro do mestre do magnetismo com o mestre dos detetives. Mas não este.
André Forastieri é George W.
Bush, Lobão é Ronald Reagan, Rachel Sheherazade é Margareth Thatcher, Olavo de
Carvalho é Mussolini, Diogo Mainardi é Pinochet e Felipe Moura é Médici. Eu não
veria um filme promovendo o encontro dos mestres do Neoliberalismo, Nazifascismo
e do Genocídio, pois já sei onde vai dar tudo isso. Vocês são figurinhas
repetidas e merecem ser dispensadas da possibilidade de retorno André. Melhor
não insistir vocês!
A CRÍTICA É
UNÂNIME (Voltando pra
escola. Que tal?)
E toda unanimidade é burra. De 250
críticos pesquisados pelo site Rotten Tomatoes, 96% deram notas 9 ou 10 para 12
Anos de Escravidão. Foi escolhido como melhor filme de 2013 por Peter Travers e
Owen Gleiberman, respectivamente da Rolling Stone e Entertainment Weekly, que
não entendem nada de coisa nenhuma.
Unanimidade não seria 100%? Se temos 96% dos críticos dando
notas altas temos uma MAIORIA e não uma UNANIMIDADE, certo? Ou estou
equivocado?
“Rolling Stone e Entertainment
Weekly não entendem nada de coisa nenhuma”? Sério André? Talvez eles entendam
sobre algo que você não faz a mínima ideia e talvez estejam considerando
questões que você é incapaz de observar. Por isso talvez o senhor esteja
dizendo isso! Já ouviu falar na Lilia Moritz Schwarcz e na Maria Helena Pereira
Toledo Machado?
E OS ESCRAVOS DE
HOJE? (Só pra te
explicar)
A escravidão continua, disfarçada ou semi.
Muitos dos governos que restringem a liberdade de seus povos contaram e contam
com o apoio financeiro e militar dos Estados Unidos. Para citar um óbvio, sobre
o qual escrevi, está aí a Arábia Saudita. Hollywood é hipócrita: só aplaude
filme-denúncia sobre o passado distante.
Só Hollywood é hipócrita Forastieri?
O que dizer dos escravizados nos campos agrícolas espalhados por todo o Brasil
produzindo os alimentos que nós consumimos? E os bolivianos costurando para as
grandes grifes de roupas que você utiliza? E as empregadas domésticas em regime
semiescravo e com um salário que nem deveria receber este título de tão baixo
que é?
E os desafortunados deste
país que sobrevivem com uma mísera bolsa de auxílio dos governantes como forma
de garantia de votos para que continuem no poder e a perpetuar um modo de vida
desigual para poucas pessoas como você e insustentável para a grande maioria que
jamais terá condições de sequer comprar uma única revista que você edita na
Tambor?
Só Hollywood é hipócrita
André? Ou todos nós somos?
PARECE CHATO PRA DEDÉU (Parece?)
Assisto filmes desde 1970 e aprendi a
confiar na minha intuição: se parece ruim, é ruim. Também aprendi com
Jorge Luiz Borges a relaxar sobre minhas supostas obrigações de ler ou assistir
isso e aquilo. Ele ensinou: tudo se permite a um livro, menos que ele seja
chato. Vale para cinema - em dobro.
Conheço pessoas racistas
desde 1970 e aprendi a confiar não somente na minha intuição, mas nas
pesquisas, teses e levantamentos científicos: Se manifestam racismo pelas
atitudes ou pelo discurso são racistas. Também aprendi com o passar dos anos e
os aprendizados da vida que tudo é permitido a uma pessoa (mas ela precisa
arcar com a responsabilidade daquilo que decidir), mas eu não sou obrigado á
aceita-las e muito menos tenho que me calar em nome do direito á liberdade de
expressão. Um babaca sem conhecimento algum sobre a vida possui seus direitos,
mas não o direito de subverter e conduzir crianças, jovens e adultos sem
esclarecimento para o limbo da ignorância com ele. E isso vale para você André Forastieri
– em dobro.
NÃO TENHO CULPA (Eu tenho humanidade)
Todo império teve seus escravos, da
Mesopotâmia à Inglaterra. Na América Latina, portugueses e espanhóis
escravizaram os nativos. Todos nós temos antepassados escravos, servos,
oprimidos. Os africanos foram trazidos à força para a América, crime
imperdoável - mas um entre muitos, cometido há muito tempo.
Me incomodam bem mais os crimes cometidos
hoje. Não tenho a menor culpa pelo sofrimento dos escravos brasileiros, que
dirá dos escravos americanos do século 19. Assino embaixo da análise do
escritor Orville Lloyd Douglas, canadense e negro: "não vou assistir.
Esses filmes são criados para uma audiência branca e liberal, para fazer esse
público se sentir culpado".
Se concordou com o que disse
Orville Lloyd Douglas por qual motivo ainda não assistiu? O filme foi feito
para você, branco e liberal e que ainda não vê a relação dos indivíduos entre
si. Que não possui altruísmo, que considera a situação de um povo mais sofrida
que a de outro, que defende valores nacionalistas e não entende a diferença
entre isso e o patriotismo e que acha que a “Senhora Mão Invisível do Mercado”
é capaz de resolver todas as mazelas promovidas pelo capitalismo.
Você é daqueles reacionários
disfarçados de liberal que não hesitam em encontrar um discurso ou frase de um
negro para corroborar com a sua linha de raciocínio, mas que na primeira
oportunidade irão desqualificar este mesmo negro pelo simples fato dele ser
negro. Ao contrário de você eu me sinto culpado sim André.
E não somente pela questão
do escravismo moderno (que ao contrário do que você disse “foi ontem” e por
isso ainda é tão vivo em nossas vidas), mas pelos indígenas dizimados e pelos
poucos que ainda resistem, pelo genocídio dos judeus, pela desigualdade de
gênero, por todos os povos asiáticos que hoje ainda sofrem e são dizimados por
grupos e governos autoritários. Toda vez que eu fico em silêncio, que eu não
denuncio ou que não reconheço o sofrimento, a luta e a legitimidade destes
movimentos eu contribuo para o seu enfraquecimento e me coloco do lado do
opressor.
Acho que definimos muito bem
de qual lado estamos não é senhor Forastieri?
Eu tenho culpa sim e só a
elimino quando eu não me calo!
Como um bom pai que você é
eu não acredito que gostaria que o Tomás se sentisse envergonhado por você, mas
da forma que se posiciona e que difunde suas ideias o legado que está deixando
é vexatório.
Se realmente vai continuar a escrever desta maneira o melhor
seria manter algo sigiloso e não público. Caberia mais um diário de memórias
que no futuro alguém possa publicar ou queimar, mas não um blog com um pseudo
ar de intelectualidade e que no fundo promove somente ideias ultrapassadas e um
senso comum da pior qualidade.