sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Bob Marley e a Paz Mundial


Bob Marley e a paz mundial


Uma vez na casa do meu pai  havia dois grupos  de  pessoas.  
Um era composto por uns gaúchos do interior.  Eles assavam carne o dia inteiro, ouviam sertanejo e tomavam vodka com red bull logo que acordavam. 

O outro grupo era compostos  por ouvintes de bossa nova, leitores de literatura classíca e semi vegetarianos.  

Eu estava lá imaginando como estas pessoas iriam conviver juntos  durante todo um carnaval.  

Havia duas violas competindo o som do jardim:  

Uma tocava  Garotos de Ouro, uma musica chamada "Vuco, Vuco" que dizia:

Você nunca me amou, e só me quer pra aquela hora,  me pega vuco vuco vuco vuco e vai embora”

 E na outra viola se escutava Desafinado de Jõao Gilberto:

“Se você disser que eu desafino amor 
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
...Só privilegiados têm ouvido igual ao seu”

 Naquela disputa, em um momento o violeiro do Vuco Vuco pegou a viola e começou a cantar Bob Marley.    Em segundos  o violeiro bossa nova chegou ao lado dele,  juntaram-se os acordes e um olhou para o outro e disse: é, Bob é Bob... e o outro respondeu, pois é Bob é Bob !

Em uma outra ocasião, em um Bar em Jeruasalém ocidental que frequentavam arabes israelenses, israelenses judeus e palestinos cada  grupo em sua mesa, eu olhei e pensei: Bem que esta gente podia se juntar né ? E  em algum momento da noite começou a tocar Bob Marley todos se levantaram  e começaram a dançar juntos 
....o violeiro israelense puxou uma musica do BOB e o palestino acompanhou com sua viola.

Neste momento olhei com os olhos quase cheios de lagrimas e pensei, Bob é Bob !

http://youtu.be/XbIoCypfXts

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Nós e a Guerra.


Quando era pequena, minha família,  contava através de diferentes formas alguns pedaços da história da segunda guerra, as vezes era com o silencio de minha avó materna, as vezes com as fotografias de pessoas que se tornaram inexistentes pós guerra, as vezes  por um prato típico de comida que havia aprendido a fazer por causa da guerra e etc...

Quando eu fui para a escola, nas aulas de história tive contato com outra história da guerra, a história contada por aqueles que dela sabiam, tinham o conhecimento letrado e histórico porém não a memória.  
Demorei um pouco para juntar aquela história contada cheia de afetos pela família, com aquela contada nas salas de aula. Contudo, quando juntei custei (e ainda custo) a acreditar que havia sido verdade. Não passava no meu coração, sim, é algo que passa pelo coração e não pela razão, a possibilidade que humanos feito nós, havíamos deixado aquilo acontecer.

 Fila de pessoas em marcha para morte ? Campos de concentração ? Câmera de Gaz? Um simples sobrenome ou prática religiosa era o motivo para alguém morrer de forma tão cruel ? 

 Não, aquilo não era possível de ter acontecido !

 Me perguntava:  E ninguém fez nada ? E custava a acreditar que havia sido real.

  E porquê lembrei desta história hoje ?

 Abri mais uma vez a folha de São Paulo, e lá estava na manchete :





Com tanta informação que temos hoje em dia, mesmo assim pouco sabemos do que acontece aqui do lado.

  Contudo uma coisa fica muito lúcida, a população que morre é quase sempre a mesma: jovens, homens e negros na perifiria da cidade. Sendo “policia”sendo “”bandido”” ou o que chamamos de “ cidadoes do bem” estamos falando de uma mesma parcela da sociedade. Pois, provavelmente qualquer sujeito de classe media, branco, e que mora nos bairros centrais sabe e têm certeza que nesta guerra, que ocorre hoje na cidade de São Paulo, ele não é alvo, não será atingindo em uma “chacina”.

Enfim, digo isto, porque a verdade é que não estamos todos em uma guerra. A guerra tem uma população alvo, população esta que o Estado Brasileiro e todos os seus braços vem exterminando há mais de 500 anos de diferentes maneiras. Através da escravidão, do racismo estrutural, da situação de vulnerabilidade em que o Estado relega `a esta população, de uma ideologia que acredita que a vida de uns vale mais que outras,

E ai, minha pergunta, aquela que eu fazia quando era pequena volta com força total: E a sociedade não faz nada ? Como é que deixamos isto acontecer ? Naquela época a desculpa é que “não tínhamos informação”.  Hoje Temos.  E o que mas me dói é, que,  mesmo com informação não sabemos o que fazer - Ou não queremos?