sábado, 25 de junho de 2011

biografia de Fela Kuti é lançada em São Paulo

Afrobeat: biografia de Fela Kuti é lançada em São Paulo

Autor revela peculiaridades e fatos marcantes da vida de um dos principais ícones da música africana

CULTURAMÚSICA - - 25/06/2011

Crédito: divulgação
A história do músico, compositor e multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti pode ser explorada a partir de sábado (25/6), quando é lançada em São Paulo a biografia “Fela – Esta Vida Puta”, escrito pelo cientista-político cubano Carlos Moore, na Matilha Cultural. O livro narra a trajetória de um dos principais artistas do continente africano, cuja vida fora marcada por excessos, violência e lutas políticas. Durante o lançamento será exibido o documentário Music is the Weapon.
Olufela Olusegun Oludotun Ransome-Kuti (conhecido como Fela Kuti) nasceu na Nigéria em 1938. Filho de um pastor protestante e de uma ativista política (sua mãe foi a primeira mulher a dirigir um carro naquele país), foi para Londres estudar medicina em 1958, mas queria mesmo seguir a carreira musical. Lá, formou a banda Koola Lobitos e criou o gênero musical afrobeat - uma mistura de jazz, funk e ritmos africanos.
Subversivo e transgressor, Fela utilizou sua música para transmitir seus ideais contra o racismo e a favor dademocracia. Suas canções eram longas (algumas com mais de 20 minutos) e as letras falavam diretamente ao povo africano. Crítico ferrenho do regime militar nigeriano, foi alvo de vários ataques, teve sua comuna destruída e perdeu a mãe – morta após ser atirada de uma janela por policiais. No final dos anos 70, Fela construiu uma nova comuna, casou-se com 27 mulheres e tentou se candidatar à presidência do país. Morreu de Aids em 1997, aos 59 anos.
O autor da biografia, Carlos Moore (radicado em Salvador, na Bahia, há dez anos), concedeu uma entrevista àÉpoca São Paulo em que relata as peculiariadades e os fatos marcantes sobre a vida do músico.

Você foi amigo de Fela Kuti. Quando e como o conheceu?
O conheci em 1974, quando fui para a Nigéria trabalhar na produção de um festival. Nunca tinha escutado a música dele, foi acidental. Mas gostei tanto que o procurei e, imediatamente, nos tornamos bons amigos.

Eu levei anos conversando com Fela e tomando nota das conversas, mas ele sempre se negou a fazer um livro. Achava que não tinha sentido escrever para um público que não fosse o que ele almejava: os africanos. Assim, coletei o material para a biografia praticamente uma década depois, em 1981, durante dois ou três meses. Foi um momento difícil, em que Fela estava atravessando uma grande crise emocional. Ele estava muito abatido e deprimido por causa da destruição de sua comuna e da morte de sua mãe. Chegou a perder a esperança de que o povo nigeriano se sublevasse contra a ditadura militar que o esmagava e quis se suicidar. Além do mais, estou convicto de que ele estava sob total influência de um guru espiritual, que o manipulava. As nossas conversas foram gravadas em Lagos, em sua comuna, e depois em Paris. A essa altura, Fela estava bastante paranóico. É uma grande contradição, mas esta biografia só pôde ser feita porque Fela se sentia ameaçado de morte e até contemplava seu suicídio. Quando eu lhe apresentei o texto final, ele leu o relato de sua própria vida e ficou emocionado. Olhou para mim e disse: “Você é realmente um grande f … da … p ….”. Jogou o manuscrito no chão e me abraçou.
Fela Kuti e Carlos Moore em um de seus encontros. Foto: Arquivo pessoal
Como foi o processo de apuração do livro?
Como o livro é estruturado?
Não sabia se Fela ia gostar da maneira como tinha reconstruído a trama de sua vida. Eu corria um grande risco, pois tinha pedido e recebido a autorização dele para construir o livro em primeira pessoa, misturando falas dele e minhas. Por mais que tentasse, não conseguiria retratar o verdadeiro Fela falando dele em terceira pessoa. Soava falso. Eu queria uma narrativa viva e eclética, não-linear, que preservasse tanto a originalidade do relato como as características próprias da fala de Fela. Ele ficou contente com o resultado e eu também.
Na sua visão, quem era Fela? O que ele tinha de tão peculiar?
O Fela era um músico e compositor genial, que criou um gênero totalmente novo, o que não é algo comum. No século 20, surgiram diversos gêneros, que até hoje ninguém sabe ao certo quem criou, mas nós sabemos que o afrobeat é uma criação dele. A música é uma síntese de vários outros tipos de música e vem acompanhada de uma mensagem política. Fela utilizou a música para pregar o pan-africanismo, o que o tornou um artista totalmente distinto. Utilizar a música para derrubar o governo ou mudar as condições sociais não era comum na época, nem na Nigéria e nem fora.
Ele usava drogas?
Fela fumava maconha, que era difundida em toda a África, mas foi proibida pelos britânicos. Como ele se recusava a obedecer às leis, foi detido e levado aos tribunais diversas vezes. Isso era usado como pretexto para prendê-lo e violentá-lo por causa de suas posições políticas, intoleráveis pelo regime militar.
Com quantas mulheres Fela era casado?
Ele se casou com 27 colegas de trabalho, entre dançarinas, coristas e mulheres que conviviam com ele. Mas apesar do número de mulheres, ele teve apenas 7 filhos, pois os soldados militares deram muitos golpes em seus testículos, o que resultou em problemas de fertilidade.
Qual o maior legado deixado por ele?
Ele era de uma coragem extraordinária. Se recusava a se encurvar aos regimes militares e foi um grande líder contra o racismo. Ele acreditava que uma sociedade racista não poderia ser democrática, e isso é importante para o Brasil, onde há um nível muito elevado de racismo.
“Fela – Esta vida puta”, de Carlos Moore. Prefácio de Gilberto Gil. Editora Nandyala. R$35,00. Matilha Cultural: Rua Rego Freitas, 542. Tel.: (11) 3256-2636. Sábado, 25/6, 18h30. Entrada: 1 agasalho. www.matilhacultural.com.br

quarta-feira, 22 de junho de 2011

para onde vai o amor quando ele acaba ?

Quando era pequena sempre me diziam que existia o “ mundo do beleléu” e lá os guarda –chuvas, as canetas, os elásticos e fivelas de cabelo iam parar. Existia um mundo que cabia tudo isto ! e podíamos procurar, procurar e nada destas coisas voltarem... elas estavam lá bem escondidas e tínhamos que nos contentar em adquirir novos elásticos, guarda-chuvas, canetas e etc... Hoje pensei, será que é para este mundo que vai o amor quando ele acaba ? E uma amiga logo me perguntou: Será que existe o beleléu interno? Imagino que sim, é para lá que vai todos os amores que passaram ? ficam lá, existentes, porém guardados, escondidos?

sábado, 18 de junho de 2011

De novo, o tal do gênero !




De novo,  o tal do gênero !

Acordei hoje de ótimo  humor,  afinal  quando se acorda com um dia de sol lindo,  uma noite bem dormida  já é algo a se agradecer !  Fui andando feliz até a padaria aqui da minha esquina, de cabeça levantada quase cantarolando !  até que automaticamente  abaixei o rosto e fiz uma cara fechada, foi assim que aprendi desde pequena  que devo me comportar  quando passo  entre uma roda de homens. Estavam alí ingenuamente  conversando , parados, talvez também vendo o sol  e compartilhando piadas, amores, torcidas  ou qualquer coisa assim. Me pergunto: porque será que todos eles se sentiram na obrigação de olhar para minha bunda e fazer algum comentário ?  Seriam menos homens  se por acaso eu passasse  e  eles nem notassem ?  E eu, caso nao abaixasse a cabeça  e continuasse cantarolando com um sorriso estampado estaria automaticamente concordando que eles poderiam insinuar qualquer coisa ?  Vejam as relações de gênero se estabeleceram de tal forma e violenta neste pais sexista que me obrigou a temer, bem como obrigou aos homens que estavam ali interromperem um papo para obrigatoriamente terem que mostrar que desejam  mulher !   Seriam eles menos homens e viris  um para o outro caso não interrompessem a conversa para olhar uma mulher passar ?   E eu ? O que fui que aprendi, e como aprendi que deveria fechar a cara e abaixar a cabeça ?  para que ?  com qual função ?  a de não ser abertamente violentada ?  E porque uma simples roda de homens é vista  por mim como uma ameaça ?  Cheguei em casa com o pão na mão  e perguntei para minha amiga que mora comigo se ela também se sentiria  na obrigação de  baixar o rosto, e ela automaticamente disse sim ! e ainda comentou , Lia qualquer mulher faria isto !  Até este momento estava me questionando se era uma coisa apenas minha, e vi que não !  Fica aqui uma pergunta, como é possível que nós humanos construímos uma sociedade  que aprisiona o homem no lugar de ameaça e a mulher no lugar de possível vitima ?  Estamos os dois gêneros presos nesta lógica, que prejudica a todos nós  ?  Se sim, lutemos até o fim para libertar os carrascos e a vitimas ( que estão aprisionados igualmente)  nesta relação  violenta e sexista que criamos ! 

Os Crespos, Ira!

Para quem ainda não conhece a Cia de Teatro "Os Crespos"  aqui esta uma chance de conhece-los !


Os Crespos surgiu nas dependências da Escola de Arte Dramática/USP, em 2005 como um grupo de estudos intitulado Negros Enquestão para pesquisa e discussão da história e a situação do negro brasileiro na sociedade contemporânea.
Assistam !