quinta-feira, 28 de abril de 2011

familia.

Sou uma daquelas filhas corujas...  amo meus pais de uma forma que é sem restrição. Gosto deles não  apenas pelo  que fizeram por mim, mas,  muito mais ainda pela existência deles.  São livres,  e me mostraram  que o desejo é sempre melhor que a norma, e ainda que a norma e normatividade servem para  deixar os sujeitos longe de seus sonhos, de seus desejos.

Nesta semana faço propaganda coruja  dos dois :

 Meu pai é tapeceiro dos bons, e vai ter a exposição dele agora  em porto alegre, ele também tem uma pousada onde faz as tapeçarias.   www.pousodotapeceiro.com.br


E sobre a minha mãe, ela é astróloga, anarquista e mega criativa !! e ontem foi a vernissage  de um livro que ela mais 19 mães escreveram  para as filhas  eu e minha irmã gêmea ... aqui esta:

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sobre o escracho, a denuncia o privado e o publico !


Sobre o escracho, a denuncia o privado e o publico !

 Nestes últimos dias o debate  sobre intolerância, vem a tona : acontecimento como o assassinato da menina  homossexual de 16 anos no mato grosso,  o seqüestro seguido de um tiro na perna, pelo ex marido em João pessoa,  de uma mulher que quis se separar. O caso do Bolsonaro. Porrada em homossexual na paulista, mulheres que aumentam o índice de AIDS alarmantemente por serem enganadas pelos maridos.   demonstram como  questões ditas de “opinião pessoal”  ou “ privadas” causam grandes mal estares  públicos e de seres humanos: E por isto escrevo para argumentar porque o escracho é sim um ato político e que merece apoio daqueles que lutam por um mundo melhor !

Maria sofre racismo e acha que é a  culpada, afinal é ela que nao tem cabelo lisos !Joana sofre  com os abusos machistas e acha que é porque é ela que não é a mulher perfeita, por isto seu “amor” lhe  ofende, lhe bate... Afinal se ela fosse “melhor”  nao estaria passando por isto !Fernando é expulso de casa, leva porrada na rua, nao  é mais recebido pela família, e  acha que ele fez algo de errado para nao ser mais aceito ! Errado ? gostar de outro homem ?Camila  tem a casa destruída pelo ex namorado e quando denuncia é acusada de alguém que quer vingança pessoal !! ou de tornar publico algo privado.  O cara chama preto de vagabundo e diz que é opinião pessoal !!  E que ninguém tem  nada a ver com isto !O ditado diz : em briga de marido e mulher ninguém mete a colher !!

E assim o racismo e o machismo se perpetuam  de forma tão natural  como uma arvore cresce no jardim !    Como disse Elie Wiesel, o carrasco mata sempre duas vezes. A segunda mata pelo silêncio.”  E aqui podemos pensar que o silencio pode também ser a negação, ou a desligitimaçao da dor alheia com justificativas do tipo : foi só uma piada, mas no fundo nao tenho nada contra negros. Ou ela apanhou, mas tava de mini –saia. O que eu fiz foi só uma briga de fim de relacionamento, mas quando  a gente ta bem eu não bato nela- O Clássico Mas Ele diz que me ama !

De verdade, cansei de explicar que o privado é sim político, e que assim como deputados corruptos devem ser denunciados, situações sexistas e racistas privadas também devem !   Em uma entrevista chamada para mudar a vida,  perguntaram a Agnes Heller o que ela achava do slogan o privado é político cunhado pelo movimento das mulheres nos anos 70. E ela respondeu :

“ a vida privada é uma instância social. Questão social significa questão publica, nao no sentido de que a vida privada do individuo deva ser uma questão publica (fim da privacidade), mas no sentido de que modelos da vida privada devem ser considerados objeto de interesse comum, o que significa que uma mudança  de tais modelos deve ser muito importante e não uma questão secundaria no processo de transformação geral. É motivo  de orgulho para o movimento feminista ter levantado esta questão, que pode ser também pensado para outras esferas do privado e político”  (Heller 82,pag 145)

Neste sentido, cabe ressaltar , que nenhuma mudança social pode realmente acontecer enquanto  o sexismo e o racismo prevalecerem, nem uma igualdade é realmente igual em um mundo em que mulheres são tratadas como objeto de prazer, capricho, trabalho, cuidado, ou proteção do homem. Mulheres são sujeitos e não objetos!  Por isto, o argumento que ouvi de muitos homens de esquerda sobre  “o escracho” que o que aconteceu foi briga de fim de relacionamento, ou o que acontece em relacionamentos nao devem virar coisas publicas deve ser radicalmente combatido! Deixar no privado é compactuar com o machismo, e devemos sempre lembrar que como diz Foucault a maior arma do poder é exatamente o poder de ocultar !! DENUNCIE !   Pois denunciar significa levar para o social, pois é exatamente lá no social que sujeitos se apropriam do machismo e do racismo e é lá que deve ser desconstruído !!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mia Couto: em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

Sobre a vida:


“há um rio que nasce dentro de nós, corre por dentro da casa e desagua não no mar, mas na terra. esse rio uns chamam de vida”. Mia Couto, em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.



Enterro dos dias que foram


“o caçador lança fogo no capim por onde vai caminhando. eu faço o mesmo com o passado. o tempo para trás eu o vou matando. não quero isso atrás de mim, sei de criaturas que se alojam lá, nos tempos já revirados”. Mia Couto, em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra

Antes da Luta, tenha Alma
“não basta que seja pura e justa a nossa causa. é preciso que a pureza e a justiça existam dentro de nós”. Mia Couto, em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra






pressentimento

“afinal, todos queremos no peito o nó de um outro peito, o devolver da metade que perdemos ao nascer”. Mia Couto, em Terra Sonâmbula


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quem estiver em Sampa, é Imperdível ! O Mundo Mágico de Escher


Exposições DF

O Mundo Mágico de Escher

18 de abril

Local: Galerias 1 e 2, Vão Central e Sala Multiuso | CCBB DF 
Horário: Terça a domingo, das 10h às 21h 
A mostra O Mundo Mágico de Escher reune cerca de 92 obras, entre gravuras originais e desenhos, incluindo todos os trabalhos mais conhecidos do artista. Escher ficou mundialmente famoso por representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses - padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes.

Uma das principais contribuições da obra deste artista está em sua capacidade de gerar imagens com impressionantes efeitos de ilusões de óptica, com notável qualidade técnica e estética. A exposição também oferece uma série de experiências que desvendam os efeitos óticos e de espelhamento que o Escher utilizava em seus trabalhos, além de um filme 3D.

Sessões de 10 minutos, a partir das 9h.



OS 10 MITOS SOBRE AS COTAS

OS 10 MITOS SOBRE AS COTAS


1- as cotas ferem o princípio da igualdade, tal como definido no artigo 5º da Constituição, pelo qual “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. São, portanto, inconstitucionais

Na visão, entre outros juristas, dos ministros do STF, Marco Aurélio de Mello, Antonio Bandeira de Mello e Joaquim Barbosa Gomes, o princípio constitucional da igualdade, contido no art. 5º, refere-se a igualdade formal de todos os cidadãos perante a lei. A igualdade de fato é tão somente um alvo a ser atingido, devendo ser promovida, garantindo a igualdade de oportunidades como manda o art. 3º da mesma Constituição Federal. As políticas públicas de afirmação de direitos são, portanto, constitucionais e absolutamente necessárias.

2- as cotas subvertem o princípio do mérito acadêmico, único requisito que deve ser contemplado para o acesso à universidade.

Vivemos numa das sociedades mais injustas do planeta, onde o “mérito acadêmico” é apresentado como o resultado de avaliações objetivas e não contaminadas pela profunda desigualdade social existente. O vestibular está longe de ser uma prova equânime que classifica os alunos segundo sua inteligência. As oportunidades sociais ampliam e multiplicam as oportunidades educacionais.

3- as cotas constituem uma medida inócua, porque o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país.

É um grande erro pensar que, no campo das políticas públicas democráticas, os avanços se produzem por etapas seqüenciais: primeiro melhora a educação básica e depois se democratiza a universidade. Ambos os desafios são urgentes e precisam ser assumidos enfaticamente de forma simultânea.

4- as cotas baixam o nível acadêmico das nossas universidades.

Diversos estudos mostram que, nas universidades onde as cotas foram implementadas, não houve perda da qualidade do ensino. Universidades que adotaram cotas (como a Uneb, Unb, UFBA e UERJ) demonstraram que o desempenho acadêmico entre cotistas e não cotistas é o mesmo, não havendo diferenças consideráveis. Por outro lado, como também evidenciam numerosas pesquisas, o estímulo e a motivação são fundamentais para o bom desempenho acadêmico.

5- a sociedade brasileira é contra as cotas.

Diversas pesquisas de opinião mostram que houve um progressivo e contundente reconhecimento da importância das cotas na sociedade brasileira. Mais da metade dos reitores e reitoras das universidades federais, segundo ANDIFES, já é favorável às cotas. Pesquisas realizadas pelo Programa Políticas da Cor, na ANPED e na ANPOCS, duas das mais importantes associações científicas do Brasil, bem como em diversas universidades públicas, mostram o apoio da comunidade acadêmica às cotas, inclusive entre os professores dos cursos denominados “mais competitivos” (medicina, direito, engenharia etc). Alguns meios de comunicação e alguns jornalistas têm fustigado as políticas afirmativas e, particularmente, as cotas. Mas isso não significa, obviamente, que a sociedade brasileira as rejeita.

6- as cotas não podem incluir critérios raciais ou étnicos devido ao alto grau de miscigenação da sociedade brasileira, que impossibilita distinguir quem é negro ou branco no país.

Somos, sem dúvida nenhuma, uma sociedade mestiça, mas o valor dessa mestiçagem é meramente retórico no Brasil. Na cotidianidade, as pessoas são discriminadas pela sua cor, sua etnia, sua origem, seu sotaque, seu sexo e sua opção sexual. Quando se trata de fazer uma política pública de afirmação de direitos, nossa cor magicamente se desmancha. Mas, quando pretendemos obter um emprego, uma vaga na universidade ou, simplesmente, não ser constrangidos por arbitrariedades de todo tipo, nossa cor torna-se um fator crucial para a vantagem de alguns e desvantagens de outros. A população negra é discriminada porque grande parte dela é pobre, mas também pela cor da sua pele. No Brasil, quase a metade da população é negra. E grande parte dela é pobre, discriminada e excluída. Isto não é uma mera coincidência.

7- as cotas vão favorecer aos negros e discriminar ainda mais aos brancos pobres.

Esta é, quiçá, uma das mais perversas falácias contra as cotas. O projeto atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, PL 73/99, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, favorece os alunos e alunas oriundos das escolas públicas, colocando como requisito uma representatividade racial e étnica equivalente à existente na região onde está situada cada universidade. Trata-se de uma criativa proposta onde se combinam os critérios sociais, raciais e étnicos. É curioso que setores que nunca defenderam o interesse dos setores populares ataquem as cotas porque agora, segundo dizem, os pobres perderão oportunidades que nunca lhes foram oferecidas. O projeto de Lei 73/99 é um avanço fundamental na construção da justiça social no país e na luta contra a discriminação social, racial e étnica.

8- as cotas vão fazer da nossa, uma sociedade racista.

O Brasil esta longe de ser uma democracia racial. No mercado de trabalho, na política, na educação, em todos os âmbitos, os/as negros/as têm menos oportunidades e possibilidades que a população branca. O racismo no Brasil está imbricado nas instituições públicas e privadas. E age de forma silenciosa. As cotas não criam o racismo. Ele já existe. As cotas ajudam a colocar em debate sua perversa presença, funcionando como uma efetiva medida anti-racista.

9- as cotas são inúteis porque o problema não é o acesso, senão a permanência.

Cotas e estratégias efetivas de permanência fazem parte de uma mesma política pública. Não se trata de fazer uma ou outra, senão ambas. As cotas não solucionam todos os problemas da universidade, são apenas uma ferramenta eficaz na democratização das oportunidades de acesso ao ensino superior para um amplo setor da sociedade excluído historicamente do mesmo. É evidente que as cotas, sem uma política de permanência, correm sérios riscos de não atingir sua meta democrática.

10- as cotas são prejudiciais para os próprios negros, já que os estigmatizam como sendo incompetentes e não merecedores do lugar que ocupam nas universidades.

Argumentações deste tipo não são freqüentes entre a população negra e, menos ainda, entre os alunos e alunas cotistas. As cotas são consideradas por eles, como uma vitória democrática, não como uma derrota na sua auto-estima, ser cotista é hoje um orgulho para estes alunos e alunas. Porque, nessa condição, há um passado de lutas, de sofrimento, de derrotas e, também, de conquistas. Há um compromisso assumido. Há um direito realizado. Hoje, como no passado, os grupos excluídos e discriminados se sentem mais e não menos reconhecidos socialmente quando seus direitos são afirmados, quando a lei cria condições efetivas para lutar contra as diversas formas de segregação. A multiplicação, nas nossas universidades, de alunos e alunas pobres, de jovens negros e negras, de filhos e filhas das mais diversas comunidades indígenas é um orgulho para todos eles.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quanta Bizarrice Batman !!

E a Gringolandia não para de me surpreender !!!


Garoto racista tem seu próprio programa nos EUA


Pessach-Pascoa- Passagem :-)


Chagal

O verbo passar é um verbo estranho. Há nele algo de impermanente e ao mesmo tempo algo de perpetuidade. Quem passou já não mais está; permanece, no entanto, o registro. Se não lembramos de um momento de alegria ou de sofrimento ele não existiu. Uma máxima da sabedoria Idische diz: " O que foi, foi e não retorna" e quem viver viverá para compreendê-la.
No entanto, há dois lugares distintos desde onde podemos enxergar a vida. Podemos olhar a vida pela perspectiva da permanência e descobrir que realmente nada fica. As pessoas gradualmente se modificam a nossa volta: conhecemos novas almas e personalidades enquanto nos despedimos de outras. Nossos endereços do passado, nossas paisagens, nossas estradas vão ganhando novo jeito. As fotografias amarelam, o saído da fábrica passa a ranger, as fibras viçosas dão lugar a estrias e esgarçamento. Vus geven is geven !
Ou podemos entender este mundo pelo olhar da "passagem". Quem passa faz uma marca nos umbrais da história. Esta marca é o registro daquilo que passou -- memória contada de geração em geração. Quem puder olhar a vida como Pessach sem o apego de parar, encontrará o gosto da Redenção, da salvação que afasta o Anjo da Morte. A Liberdade manifesta na saída do Egito é a descoberta do olhar de passagem. Sem considerar este mundo como nossa morada eterna, sem fazer nele planos definitivos, somos mais livres.
A grande doença do mundo do consumo de nossos dias é querer evitar que celebremos a vida por Pessach - por passagem. Mas é de passagem, livres da escravidão da permanência, que temos coragem de abrir nossas portas ao Profeta Elias. A festa da primavera, da vitória da vida sobre o inverno, não é a festa do triunfo permanente, mas celebra a passagem que revigora, renova e dá esperança.
Celebrar Pessach é rever o Chametz, o levedo-impureza, que se agrega a nossa alma a medida que a vida passa. Em nosso afã de conter esta passagem, de estanca-la, a existência se torna pesada, enfadonha e tomada por medos de perda.
Abre a porta e a janela. Sai das trevas dos temores do que nos é reservado no futuro pois este é tão deprimente como um passado que "foi e não mais será". Junte a sua família em torno de uma mesa mágica encantada pelo carinho e por laços de amor que nos aproximam. Permita que a leve embriaguez do vinho doce se misture com o verdadeiro ingrediente da Hagadá - o passado e o futuro condensados neste momento ( Como se nós mesmos tivéssemos sido tirados do Egito!). Celebre o amargo, beba das lágrimas, recline como os bem-sucedidos, relembre do secreto manifesto no Afikoman, fale das receitas irresgatáveis do passado e reconheça aquelas do presente que jamais serão reproduzidas no futuro. Viva um verdadeiro Seder como o da primeira noite. Naquela noite, diferente das outras, família reunida num registro primitivo e insconsciente, celebrava a passagem da vida, da transitoriedade de tudo.
Olhos nos olhos em torno da mesa enquanto que do lado de fora este registro de olhares marcava as portas onde o mórbido fica impotente.
A porta por onde entra o Profeta Elias é a porta por onde nós mesmos entramos e por onde também saímos. É esta porta aberta que nos relembra da "passagem" e nos faz mais humildes.
Pois nesta noite de saber que o "estrangeiro" somos nós mesmos, que o "visitante" e não o residente somos todos nós é a noite da Festa da Passagem. Sagrado o que foi e sagrado o que será. Mas e esta noite?
Esta noite é diferente de todas as outras. Pois nas outras noites o tempo passa e nós nos agarramos em desespero ao que parece ficar. Mas nada fica. Nesta noite nós é que nos fazemos de passagem. Entregues a este fluxo, sem medo, mas com prazer, gira a vida a nossa volta e a esperança é o gosto final de uma noite de dormir tardio.

 Nilton Bonder 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sejamos Gays. Juntos.

Sejamos Gays. Juntos.


abril 12, 2011


Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.
Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.
Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.
E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.
Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.
Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?
Quero então compartilhar essa ideia com todos.
Sejamos gays.
Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY
Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:
1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY
2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com
3) E só :-)
Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.
A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.
Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.
As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.
Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.
— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —

terça-feira, 12 de abril de 2011

eu ainda tenho ouvir que é o meu feminismo que é chato ??

No Brasil por ano mais de 1 milhão de mulheres são vítimas de violência
doméstica, a cada 15 segundos uma mulher sofre agressão física, a maior
causa de invalidez de mulheres entre 16 e 44 anos é a violência doméstica, 10 mulheres são assassinadas por dia, 70% dos agressores são maridos, companheiros ou ex-companheiros, um em cada 5 dias de trabalho perdidos pelas mulheres decorre de algum problema de saúde causado por violência doméstica.

E eu ainda tenho ouvir que é o meu feminismo que é chato ??

terça-feira, 5 de abril de 2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

sobre sexismo dentro de espaços ativistas

Como vocês sabem, tenho últimamente ocupado lugares de ativismo dentro e fora  do mundo acadêmico.  Minha preocupação constante  e de trabalho sempre foi a opressão de raça, No entanto, como mulher seria impossível que o tema de gênero nao fizesse parte da minha luta diária. Pois cotidianamente,  tenho visto e passado por situações de opressão feminina, que só uma alienação completa nao me deixaria ver. Exatamente, por ocupar estes espaços minhas escolhas  amorosas sempre foram por homens  que de algum modo lutassem e combatessem as desigualdades e opressões  deste mundo, é por ai que passa minha admiração. No entanto, para minha surpresa muitos destes homens que lutam contra a opressão de classe, e raça continuam  obtendo os privilégios da estrutura sexista e machista na qual vivemos. Percebemos que a sensibilidade para  a compreensão de uma opressão nao necessariamente  quer dizer que este mesmo sujeito terá para uma outra, ainda mais se esta opressão pode dar vantagem e privilégios sobre outrem. Me lembro sempre de um amigo negro e gay que vive me dizendo : O movimento negro é homo fóbico, e o movimento gay racista !  Onde é que eu fico ?? Nao a toa as mulheres negras  precisam se diferenciar dentro do movimento negro, pois muitas vezes  aqueles que poderiam ser seus parceiros  se configuram no próprio agressor.  Pensando muito sobre este assunto, de repente chegou este texto na minha caixa de e-mail, e ai parece que me deu uma  Luz !! Como mulher, e com experiência de “abuso emocional”  por aqueles que  muitas vezes achei que seriam meus parceiros de luta, me senti totalmente identificadacom Tâmara K Nopper  autora que escreveu  Cenas Ativistas Não São Espaços Seguros Para Mulheres: Sobre o Abuso de Mulheres Ativistas por Homens Ativistas.  
Denunciar e falar do que  muitos chamam de “problemas pessoais” ou emocionais da vida privada é mais que necessário, pois nao esquecemos que vida privada é POLITICA !  

  Denuncie abusos físicos e emocionais !  o privado é político !


Cenas Ativistas Não São Espaços Seguros Para Mulheres: Sobre o Abuso de Mulheres Ativistas por Homens Ativistas

Por
Tamara K. Nopper 

Tradução: Ticiana Labate Calcagniti



Como uma mulher que tem experimentado abuso físico e emocional de homens, alguns dos quais eu tive longos relacionamentos, foi sempre difícil aprender de outras mulheres ativistas que elas estavam sendo abusadas por homens ativistas. As questões interrelacionadas do sexismo, misoginia e homofobia em círculos ativistas são excessivas, e não é surpreendente que mulheres são abusadas física e emocionalmente por homens ativistas com os quais elas trabalham em vários projetos.
Eu não estou falando abstratamente aqui. Na verdade, eu sei de vários relacionamentos entre homens ativistas e mulheres nos quais as últimas são abusadas se não fisicamente, emocionalmente. Por exemplo, há muito tempo uma amiga minha me mostrou ferimentos em seu braço que ela me disse que foram causados por outro homem ativista. Essa mulher certamente luta emocionalmente, o que é um tanto esperado dado que ela experimentou abuso físico. O que era adicionalmente desolador de ver era como a mulher era evitada por círculos ativistas quando ela tentava falar sobre seu abuso ou o ter abordado. Alguns disseram a ela para ultrapassá-lo, ou para se focar em “verdadeiros” homens bacacas tais como proeminentes figuras políticas. Outros disseram a ela para não deixar “problemas pessoais” entrarem no caminho da “realização do trabalho”.
Eu lutei com a recuperação de minha amiga também. Como sobrevivente de abuso, era difícil encontrar uma mulher que de certa forma era um espectro de mim. Eu buscaria essa mulher, e ela iria ao acaso dizer-me sobre outra briga que ela e seu namorado haviam tido. Eu encontraria a mim mesma evitando essa mulher porque, francamente, era difícil olhar para uma mulher que me recordava muito de quem eu não era há muito tempo: uma pessoa assustada, envergonhada e desesperada que balbuciaria para qualquer pessoa disposta a ouvi-la sobre o que estava acontecendo com ela. Em outras palavras, eu, como essa mulher, tínhamos atravessado o desespero de tentar sair de uma relação abusiva e necessitando finalmente contar às pessoas o que estava acontecendo comigo. E similarmente a como essa mulher era tratada, a maioria das pessoas, até mesmo aqueles que eu chamava de amigos, se esquivavam de me escutar porque eles não queriam ser incomodados ou estavam lutando com suas próprias lutas emocionais.
A vergonha associada em contar às pessoas que você tem sido abusada, e como eu, centrada em uma relação abusiva, é feita ainda pior pelas respostas que você obtem das pessoas. Ao invés de serem simpáticas, muitas pessoas ficaram desapontadas comigo. Muitas vezes fui dita por pessoas que elas estavam “surpresas” em descobrir que eu havia “me envolvido com esta merda” porque diferentemente de “mulheres fracas”, eu era uma mulher “forte” e “política”. Essa resposta é completamente misógina porque ela nega quão dominante é o patriarcado e o ódio por mulheres e o “feminino”, e ao invés disso, tenta colocar a culpa nas mulheres. Isso é, estamos a ignorar que mulheres estão sendo abusadas por homens e, ao invés disso, enfatiza o caráter de mulheres como a razão definitiva pela qual algumas são abusadas e outras não “se envolvem com esta merda”.
Não posso ajudar a não ser pensar que outras mulheres ativistas que têm sido abusadas, querem seja por homens ativistas ou não, também enfrentam dificuldades semelhantes recuperando-se do abuso. Independentemente da política de alguém, as mulheres podem ser e são abusadas. Qualquer um que se recuse a acreditar nisso ou simplesmente não escuta às mulheres ou não pensa sobre o que as mulheres passam regularmente. E isso é porque eles são simplesmente hostis em reconhecer quão pervasivos e normalizados o patriarcado e a misoginia são – ambos fora e dentro de círculos ativistas.
Mais, várias de nós queremos acreditar que homens ativistas são diferentes de nossos pais, irmãos, antigos namorados e machos estranhos com os quais nós confrontamos em nossas rotinas diárias. Nós queremos ter alguma fé que o cara que escreve um ensaio sobre sexismo e o posta em seu website não o está escrevendo somente para fazer uma boa aparência dele, obter sexo, ou encobrir algumas de suas perigosas práticas com relação às mulheres. Nós queremos acreditar que as mulheres estão sendo respeitadas por suas habilidades, energia e compromisso político e não estão sendo solicitadas a fazer trabalho porque elas são vistas como “exploráveis” e “abusáveis” por homens ativistas.Nós queremos acreditar que, se um homem ativista fez um avanço indevido ou fisicamente/sexualmente agrediu uma mulher ativista, isso seria prontamente e atenciosamente lidado por organizações e comunidades políticas – e com a contribuição da vítima. Nós queremos acreditar que grupos ativistas não são tão facilmente seduzidos pelas habilidades ou pelo “poder nomeado” que um ativista masculino trás a um projeto que eles estão dispostos a deixar uma mulher ser abusada ou não ter sua recuperação abordada em troca. E nós gostaríamos de pensar que a “cultura de segurança” em círculos ativistas não somente foca nas questões do protocolo do listserv ou usa nomes falsos em comícios, mas na verdade inclui pensar proativamente sobre como lidar com misoginia, patriarcado e heterossexismo ambos fora e dentro de cenários ativistas.
Mas todos esses desejos, todos esses sonhos obviamente não tendem a ser abordados. Em vez disso, eu sei de homens ativistas que trollam espaços políticos como predadores procurando por mulheres que eles possam manipular politicamente ou foder sem responsabilização. Como padres abusivos, alguns desses homens literalmente movem-se de cidade a cidade procurando recriar a si mesmos e encontrar carne fresca no meio daqueles que são infamiliares com sua reputação. E eu tenho visto mulheres ativistas darem seu trabalho e destrezas a homens ativistas (que frequentemente ficam com o crédito) na esperança de que o homem ativista abusivo irá finalmente adquirir seu agir correto ou a apreciará enquanto ser humano.
Enquanto o romance entre ativistas é aprazível, eu acho que é nojento como os homens ativistas usam o romance para controlar as mulheres politicamente e manter as mulheres emocionalmente comprometidas em ajudar esses homens politicamente, mesmo quando essas políticas são piegas ou problemáticas. Ou, em alguns casos, homens ativistas se envolvem em políticas para encontrar mulheres que eles possam envolver em relações abusivas e controle. E dado que esse abuso trás para fora o pior da vítima, eu tenho visto onde mulheres interagem com outras ativistas (particularmente mulheres) de maneiras que elas não normalmente estariam se elas não estivessem sendo politicamente e emocionalmente manipuladas por homens. Por exemplo, eu sei de mulheres ativistas abusadas que têm espalhado rumores sobre outras mulheres ativistas ou têm-se envolvido em brigas políticas entre seu namorado e outros ativistas.
O que é assustador é que eu sei de ativistas homens que estavam abusando e manipulando mulheres ativistas e, ao mesmo tempo, escrevendo ensaios sobre sexismo ou competição entre mulheres. Às vezes o homem ativista irá redigir o ensaio com sua namorada ativista de forma a obter mais legitimidade. Eu sei de homens ativistas que uma hora citam Bell Hooks, Gloria Andalzua ou outras escritoras feministas e estão incomodando ou espalhando mentiras e fofocas sobre suas namoradas ativistas em outra. E homens ativistas irão ensinar mulheres a serem menos competitivas com outras mulheres para dissimular seu comportamento abusivo e manipulador.
O que é mais desolador é o nível de suporte que homens ativistas encontram de outros/as ativistas, homens ou mulheres, mas mais habitualmente, outros homens. Não somente as mulheres ativistas têm de confrontar e negociar com seu agressor em círculos ativistas, elas devem normalmente fazê-lo em uma comunidade política que se designa comprometida mas no final não dá importância alguma sobre a segurança emocional e física da vítima. Em muitas ocasiões eu tenho ouvido as histórias das mulheres sobre abuso serem recontadas e reformuladas por homens ativistas de uma maneira hostil e sexista. E quando eles remodelam essa história, eles geralmente o fazem naquela voz, a voz que é falsa, acusatória e zombeteira.
Por exemplo, quando eu estava dividindo com um homem ativista minhas preocupações sobre como uma mulher ativista estava sendo tratada por um homem ativista que mantinha uma posição proeminente em um grupo político, o homem “ouvindo” a minha história disse naquela voz “Oh, ela só está provavelmente brava porque ele começou a namorar outra pessoa” e passou a tirar sarro dela. Ele continuou a me dizer que, enquanto ele “reconhecia” que o homem estava errado, a mulher necessita impor-se ao homem se ela quer que o tratamento pare.
Infelizmente essa marca de misoginia do homem disfarçou-se enquanto o feminismo masculino é muito comum em círculos ativistas dado que muitos homens em geral acreditam que mulheres são abusadas porque elas são fracas ou secretamente querem estar em relacionamentos com homens abusivos. Mais, seus comentários revelaram uma atitude que assume que, se mulheres ativistas têm problemas com homens ativistas, elas estão “chorando pelo abuso” para encobrir desejos sexuais ocultos e raiva por terem sido rejeitadas por homens que “não irão fodê-las”.
Eu acho repulsivo que a segurança física e emocional de mulheres é de pouca preocupação a homens ativistas em geral. Enquanto homens ativistas irão falar da boca para fora sobre como eles precisam ficar com suas bocas caladas quando as mulheres estão falando ou como espaços somente de mulheres são necessários, muito frequentemente pessoas “críticas” e “políticas” não querem confrontar o fato de que as mulheres estão sendo abusadas por homens ativistas em nossos círculos. Quando essa questão é “abordada”, mais freqüentemente do que não, a atenção será dada a “batalhar com” o homem (ou seja, o deixando permanecer e talvez só fofocando sobre ele). Eu tenho visto algumas situações onde homens abusivos tornam-se adotados, assim dizendo, por outros ativistas, que vêem reabilitar o homem como parte de seus projetos e pensam pouco sobre o que isso significa para as mulheres que estão tentando se recuperar. Em alguns casos, o homem ativista abusador foi adotado enquanto a mulher foi rejeitada como “instável”, “louca” ou “muito emocional”. Basicamente, esses grupos iriam antes ajudar um cara frio e calculista que pode “mantê-lo unido” enquanto ele abusa de mulheres ao invés de lidar com a realidade que o abuso pode contribuir para as dificuldades emocionais e sociais entre vítimas enquanto elas trabalham para se tornarem sobreviventes.
E em alguns casos, ativistas mulheres irão evitar ir à polícia porque ela é crítica ao complexo industrial penentenciário, mas também porque outros homens ativistas irão dizer-lhe que ela está “contribuindo para o problema” ao “conduzir o Estado para dentro”. Mas na maioria dos casos, o homem ativista não é castigado pelos problemas que ele criou. Deste modo, as mulheres estão presas tendo que descobrir como garantir sua segurança sem ser rotulada uma “traidora” por seus colegas ativistas.
Enquanto eu sou uma forte crente que nós devemos tentar trabalhar pela cura ao invés da punição em si, eu estou dolorosamente consciente que nós frequentemente damos mais ênfase em ajudar homens a permanecerem em círculos ativistas do que apoiar mulheres através de suas recuperações, o que pode envolver a necessidade de ter o homem removido de nossos grupos políticos. Basicamente, o grupo irá normalmente determinar que o ativista abusador deve ser deixado a se curar sem perguntar à mulher o que ela necessita do grupo para curar-se e ser apoiada em seu processo. Eu sei de vários exemplos de onde mulheres eram forçadas a tolerar a indisposição do grupo para abordar o abuso. Algumas irão permanecer envolvidas em organizações porque elas acreditam no trabalho e, francamente, há poucos espaços para se ir, se houverem, onde ela não sofra o risco de ser abusada por outro ativista ou ter seu abuso não abordado. Outras irão simplesmente deixar a organização. Eu tenho visto como essas mulheres são tratadas por outros/as ativistas – homens e mulheres – que tratam mulheres friamente ou fofocam que elas são egoístas ou traidoras por deixarem o pessoal entrar no caminho do “trabalho”. Ou, se mulheres ativistas que têm sido abusadas são “apoiadas”, é usualmente porque ela faz “bom trabalho” ou que não abordar o abuso será “ruim para o grupo”. Nesse sentido, a saúde física, emocional e espiritual de mulheres é ainda sacrificada. Em vez disso, o abuso das mulheres deve ser abordado porque, se ele não for, ela pode não continuar a fazer “bom trabalho” para a organização ou pode haver muita tensão no grupo para que ele funcione de forma eficiente. De qualquer forma, a segurança das mulheres não é vista como digna de preocupação em e de si mesma.
Em geral, cenários ativistas não são um espaço seguro para mulheres porque misóginos e homens abusivos existem no interior deles. Mais, muitos desses abusadores usam a linguagem, ferramentas de ativismo e apoio de outros ativistas como meio de abusar mulheres e esconder seus comportamentos. E infelizmente, em muitos círculos políticos, independentemente de quanto nós falemos sobre o patriarcado ou misoginia, mulheres são sacrificadas de forma a manter o “trabalho” ou salvar a organização. Talvez seja tempo de realmente nós só se importarmos que as mulheres ativistas estão vulneráveis a serem manipuladas e abusadas por homens ativistas e considerar que abordar isso proativamente é uma parte integral do “trabalho” que ativistas devem fazer.