quarta-feira, 29 de setembro de 2010

da descoberta daquilo que te faz bem

                "Cada um descobre o seu anjo
                          tendo um caso com o demônio."                                                     Mia Couto

Para ser grande

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
Fernando pessoa

Abaixo as fronteiras Já !

Hoje em meu trajeto matinal no ônibus para a Universidade reparei que o ônibus  só tinha jovens, dos 20 aos 30,  e um homem de meia idade que devia ter os seus 60 anos. No entanto, na segunda parada subiu um senhor de bengala que devia estar nos seus 80 ...  Ônibus lotado, e para a minha surpresa quem foi a única pessoa que levantou  para o senhor sentar ? o outro “quase” senhor. Eu, que naquele momento já estava em pé fiquei perplexa e me perguntei será que o ser humano só tem empatia quando esta na mesma (ou quase mesma )situação que o outro ?  Este simples trajeto de ônibus fez cair uma lagrima do meus olhos, e me perguntei , será  a falta de empatia uma construção histórica  ou quase um fator emocional ?

Agosto de 2010 e  ainda assistimos , só para dar alguns exemplos .

1-                   a ridícula polemica sobre a mesquita no marco 0  de New York (Diga-se de passagem , mesquita que não é mesquita , e marco 0 que não é 0)

2-                   Crescente  numero de partidos anti-imigrantes nos países que até então diziam se tolerantes e progressistas (Os nórdicos).

3-                   França ( para quem lembra da igualdade, fraternidade e liberdade) proíbe  o uso do véu em mulheres islâmicas.

4-                   Japoneses adultos fazem manifestação racista em frente de escola infantil coreana em Quioto. Vídeo em escola coreana no japao  

5-          O estado do Arizona aprova lei  para mandar mexicanos sem documentos de volta ao México. Discurso geral  do americano médio aqui:
             

Até quando o ser humano vai demorar  para perceber que dividimos  um mesmo destino comum ?  Dividimos o mesmo planeta ! Abaixo as fronteiras já !!!


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Arbitrariedade das "classificaçoes" humanas

Hoje  fui fazer uma inscrição para um curso aqui na Califórnia, na inscrição pedia nome, endereço, idade e depois algo que eles nomearam de “ethinic background” . Nas opções la estavam :
1-América Indian  or Alaskan Native
2-Asian
3-Pacific Islander
4-African American (non hispanic)
5-White (non hispanic)
6-Hipanic
7-Filipino
8- Other Non-White
Agora alguém me explica que porra isto significa ?? Qualquer coisa menos etnicidade !  Onde se encaixaria o OBAMA ?  ele nasceu no Havaí- (pacific Islander)  mas é Afro-american.  Um africano ? outros Non White ?  E um Brasileiro  branco ? White non hispanic ?  um brasileiro negro ? Outros non White ? um chinês nascido na china ?  Asian ? e um descendente de chinês Há  quatro gerações nos E.U.A ? Asian ?  o que ele tem de etnicidade com o Chinês nascido na china ? se a cultura dele é americana ?? E os dois brasileiros ? correspondem a etnicidades diferentes ou há  fenótipos diferentes?
Este é  mais um dos exemplos  das classificações ridículas e arbitrarias  que os seres humanos fazem para justificar hierarquias e desigualdades ! afff .... E desde quando os mexicanos são hispânicos ? ele e um espanhol branco de olho azul marcam a mesma etnicidade ?: hispânicos ????

BOYCOTT ARIZONA !

http://www.thepetitionsite.com/1/boycott-arizona/

The State of Arizona passed SB1070. This law will call for regular police officers to request documentation from people to ascertain whether or not they are undocumented. This is racial profiling and discrimination, as the officers will be relying on the appearance of people to detain them. Many US citizens and residents will be wrongfully harassed and detained. We can vote with our dollars! Boycott the State of Arizona by vowing not to spend your vacation dollars in that state, whether that be by not engaging in tourism in Arizona, by not doing business within the state, or by not buying anything that comes from Arizona, (paying specific attention to corporations and businesses that support these mean spirited laws like SB1070, as well as, those supporting the likes of Sherrif Joe Arpaio and Senator Russell Pearce) until such a time that this law is overturned or ruled unconstitutional. Racial profiling and discrimination in any way, shape, or form, against any race or ethnic community, must not be tolerated. We must all stand together regardless of our racial and ethnic background. Immigration is a matter for the federal authorities to handle and should not to be delegated to the average police officer who is not trained in immigration law.




Boycott Arizona!

Boycott Arizona!
  • signatures: 3

A Luta Companheiros !

And although it is difficult to imagine our nation totally free of racism or sexism, my intellect, my heart and my experience tell me that it is actually possible.  For that day when neither exists we must all struggle.  - James Baldwin (1924 - 1987

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Noticias da branquidade californiana !

Noticias da branquidade californiana !

hoje o cara americano que mora comigo me falou :
Ainda se estuda racismo neste pais Lia ?  Para que ?
Porque hoje hoje, se voce é negra, mulher, e lesbica tem muito mais privilégios que eu que sou loiro de olho azul ! 
Será que os brancos nao enxergam que eles ganham cotas ao nascerem ?
Fácil alugar uma casa sendo branco ( ninguém acha que vc vai destruir a casa)
Fácil andar na rua sem ninguém esconder a bolsa por medo que  você roube.
Ninguém olha para voce como um grupo , mas sim como um individuo !
Fácil ir em uma farmácia e achar a maquiagem , o creme, e pente para seu cabelo !
Fácil olhar o comercial  de beleza e ver alguém da sua cor !
Isto já  não é cotas para Brancos ????

aff

Pela legalização do aborto já


 Ontem conversando com uma amiga pelo skipe , fiquei sabendo que uma terceira amiga estava grávida e precisava de ajuda para abortar, como  a cidade é pequena , não ha clinica ilegais  como nas capitais , ela teve que apelar pela compra de citotec ilegal no “camelódromo”  da cidade , enfim, depois da tensão, da expectativa, do sentimento de estar cometendo um crime  e de gastar 350 reais , os remédios eram falsos…. Saímos a procura de outros lugares para comprar o remédio clandestinamente, e eu como estou atualmente morando na Califórnia  fiquei na ajuda pela internet , e ai olha o que eu achei:


Agora, o absurdo maior é a pessoa ter que passar por uma humilhação desta e como um amigo meu diz : se homens ficassem grávidos as clinicas seriam na própria igreja ! Afinal como é que os padres fariam com a própria gravidez !!! Quanta Hipocrisia!! Uma fabrica de ganhar dinheiro ilegal, e que ainda bem que existe !! E se todo mundo faz, a pergunta é para que serve esta criminalização ?  E ai empresto as palavras da Maria Rita Khell


por Maria Rita Kehl 18 SET 2010
Entre os três candidatos à Presidência mais bem colocados nas pesquisas, não sabemos a verdadeira posição de Dilma e de Serra. Declaram-se contrários para não mexer num vespeiro que pode lhes custar votos. Marina, evangélica, talvez diga a verdade. Sua posição é tão conservadora nesse aspecto quanto em relação às pesquisas com transgênicos ou células-tronco.
Mas o debate sobre a descriminalização do aborto não pode ser pautado pela corrida eleitoral.
Algumas considerações desinteressadas são necessárias, ainda que dolorosas. A começar pelo óbvio: não se trata de ser a favor do aborto. Ninguém é. O aborto é sempre a última saída para uma gravidez indesejada. Não é política de controle de natalidade. Não é curtição de adolescentes irresponsáveis, embora algumas vezes possa resultar disso. É uma escolha dramática para a mulher que engravida e se vê sem condições, psíquicas ou materiais, de assumir a maternidade. Se nenhuma mulher passa impune por uma decisão dessas, a culpa e a dor que ela sente com certeza são agravadas pela criminalização do procedimento.
O tom acusador dos que se opõem à legalização impede que a sociedade brasileira crie alternativas éticas para que os casais possam ponderar melhor antes, e conviver depois, da decisão de interromper uma gestação indesejada ou impossível de ser levada a termo. Além da perda à qual mulher nenhuma é indiferente, além do luto inevitável, as jovens grávidas que pensam em abortar são levadas a arcar com a pesada acusação de assassinato. O drama da gravidez indesejada é agravado pela ilegalidade, a maldade dos moralistas e a incompreensão geral. Ora, as razões que as levam a cogitar, ou praticar, um aborto, raramente são levianas. São situações de abandono por parte de um namorado, marido ou amante, que às vezes desaparecem sem nem saber que a moça engravidou. Situações de pobreza e falta de perspectivas para constituir uma família ou aumentar ainda mais a prole já numerosa. O debate envolve políticas de saúde pública para as classes pobres. Da classe média para cima, as moças pagam caro para abortar em clínicas particulares, sem que seu drama seja discutido pelo padre e o juiz nas páginas dos jornais.
O ponto, então, não é ser a favor do aborto. É ser contra sua criminalização. Por pressões da CNBB, o ministro Paulo Vannuchi precisou excluir o direito ao aborto do recente Plano Nacional de Direitos Humanos. Mas mesmo entre católicos não há pleno consenso. O corajoso grupo das “Católicas pelo direito de decidir” reflete e discute a sério as questões éticas que o aborto envolve.
O argumento da Igreja é a defesa intransigente da vida humana. Pois bem: ninguém nega que o feto, desde a concepção, seja uma forma de vida. Mas a partir de quantos meses passa a ser considerado uma vida humana? Se não existe um critério científico decisivo, sugiro que examinemos as práticas correntes nas sociedades modernas. Afinal, o conceito de humano mudou muitas vezes ao longo da história. Data de 1537 a bula papal que declarava que os índios do Novo Continente eram humanos, não bestas; o debate, que versava sobre o direito a escravizar-se índios e negros, estendeu-se até o século 17.
A modernidade ampliou enormemente os direitos da vida humana, ao declarar que todos devem ter as mesmas chances e os mesmos direitos de pertencer à comunidade desigual, mas universal, dos homens.
No entanto, as práticas que confirmam o direito a ser reconhecido como humano nunca incluíram o feto. Sua humanidade não tem sido contemplada por nenhum dos rituais simbólicos que identificam a vida biológica à espécie. Vejamos: os fetos perdidos por abortos espontâneos não são batizados. A Igreja não exige isso. Também não são enterrados. Sua curta existência não é imortalizada numa sepultura – modo como quase todas as culturas humanas atestam a passagem de seus semelhantes pelo reino desse mundo. Os fetos não são incluídos em nenhum dos rituais, religiosos ou leigos, que registram a existência de mais uma vida humana entre os vivos.
A ambiguidade da Igreja que se diz defensora da vida se revela na condenação ao uso da camisinha mesmo diante do risco de contágio pelo HIV, que ainda mata milhões de pessoas no mundo. A África, último continente de maioria católica, paupérrimo (et pour cause…), tem 60% de sua população infectada pelo HIV. O que diz o papa? Que não façam sexo. A favor da vida e contra o sexo – pena de morte para os pecadores contaminados.
Ou talvez esta não seja uma condenação ao sexo: só à recente liberdade sexual das mulheres.
Enquanto a dupla moral favoreceu a libertinagem dos bons cavalheiros cristãos, tudo bem. Mas a liberdade sexual das mulheres, pior, das mães – este é o ponto! – é inadmissível. Em mais de um debate público escutei o argumento de conservadores linha-dura, de que a mulher que faz sexo sem planejar filhos tem que aguentar as consequências. Eis a face cruel da criminalização do aborto: trata-se de fazer, do filho, o castigo da mãe pecadora. Cai a máscara que escondia a repulsa ao sexo: não se está brigando em defesa da vida, ou da criança (que, em caso de fetos com malformações graves, não chegarão a viver poucas semanas). A obrigação de levar a termo a gravidez indesejada não é mais que um modo de castigar a mulher que desnaturalizou o sexo, ao separar seu prazer sexual da missão de procriar.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo